Mal acabo de me sentar à mesa para aquela que seria a minha primeira refeição na Ilha da Madeira, sou violentamente confrontada com um cesto de pão. Uma massa quente, estaladiça por fora (meio esturricada até) e fofa por dentro, emana um salivante aroma. “ É o famoso bolo do caco” – apressa-se a esclarecer o empregado de mesa, com o visível orgulho de quem introduz um ex-líbris da região a toda a gente com aspecto de turista. “Com manteiga de alho é muito bom”, acrescenta, com o seu sotaque tipicamente madeirense, enquanto aponta discretamente para uma manteigueira de loiça que se destaca sobre a mesa. Descobrirei mais tarde, após experimentar mais de uma dezena de bolos do caco, todos em sítios diferentes, que este primeiro seria o meu preferido, exactamente por não vir recheado do que quer que fosse. Serei louca por toda a minha vida ter adorado comer pão às secas? Juro que adoro, não me perguntem porquê. Chego a ficar com soluços, por empurrar com insistência, movida apenas por sali
por Cláudia Sofia Sousa