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A mostrar mensagens de abril, 2012

Joe Black

Lá fora, o vento uiva desenfreado. Numa ira de força transparente, empurra sem piedade tudo o que se atravessa no caminho. As árvores vergam-se à sua passagem, como se numa vénia lhe concedessem obediência. O pó, feito de terra, de areia, de vestígios de erosão, passeia-se num voo que atravessa o próprio ar em ziguezagues, por vezes interrompidos por uma pausa repousada num canto qualquer. As nuvens também parecem zangadas, ficam cinzentas de raiva por não poderem repousar em paz. Nem no céu parece haver descanso. Indeciso, sem saber como se comportar, o Sol esconde-se envergonhado. Vai espreitando, introvertido, deixando escapar tímidos raios de luz por entre a espessura branda das nuvens. Os corpos que já pedem praia guardam-se em casa em lamentos resignados. Os rostos, como um espelho, reflectem a cor do dia. Semblantes cinzentos cruzam-se nas ruas, cabisbaixos. A chuva, que tanta falta faz, avança e recua hesitante, enviada a conta-gotas pela mãe natureza. Está tanto vento, mas n