Dormes. Dentro do quarto, só o silêncio quebrado pela tua respiração. Entro a pés descalços e sento-me a teu lado. Ver-te dormir devolve-me a paz. Queria ter poderes mágicos para eternizar este momento. Gostava que fosses para sempre menina e eu para sempre jovem, para poder estar sempre a teu lado. Imaginar que um dia este encontro vai deixar de ser possível é a base de um desassossego que me consome. Inspiro a doçura do teu rosto, pedaço de mim. E, nesse instante, na escuridão dos meus olhos fechados, há universos que se abrem até ao infinito. Voamos juntas de mãos dadas e somos imortais. No meu sonho somos felizes na alegre ilusão de que o nosso tempo não irá passar, que este tempo alegre da tua infância e da minha juventude não irá acabar nunca. Não falo em morte. Não gosto de falar do que não conheço. E tu não irias entender o que é. Para nós, aqui e agora, tudo é vida, alegria feita de mimos e gargalhadas que nos fazem sentir bem. Porém, na inocência dos teus quase cinco anos,
por Cláudia Sofia Sousa