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Mensagens

A mostrar mensagens de 2016

Depois de SobreViver

Depois do parto, a mãe precisa de tempo para recuperar e desfrutar do seu bebé. Depois do lançamento de um livro, um escritor precisa de tempo para virar a página, encerrar um capítulo, antes de iniciar o próximo.  Com o lançamento de SobreViver, o meu primeiro livro, no dia 25 de novembro de 2016, fruto de sete anos de trabalho publicado neste blogue, fecha-se um ciclo. Mas este blogue permanecerá como elo de ligação com todos vocês que têm a gentileza de me ler e seguir. A todos, gratidão! E a garantia de que novos títulos gritam já dentro de mim, aguardando o momento oportuno para se tornarem livros. 

Desabafos salteados #2

O sentido da vida é descobrir o que gostamos de fazer, interiorizando um espírito de missão. Depois, é fazer, fazer, fazer, até o fazermos bem. Garantimos a eternidade se nos distinguirmos pelo bem que fizemos no nosso tempo. 

25 de novembro - Olhão

SobreViver - o melhor do Escrevo Porque Gosto em livro

Gratidão. A única palavra que me ocorre, ainda nas asas do sonho, é gratidão! Estou grata a todos os que sempre me leram, que sempre acreditaram em mim, que sempre me incentivaram a continuar, a seguir em frente, a não desviar-me do meu caminho.  Estou grata ao Universo por nesse meu caminho ter colocado todas as pessoas certas, no momento certo, no lugar oportuno, para que tudo culminasse na realização deste sonho. O caminho não tem sido fácil. Mas acredito, hoje mais do que nunca, que a determinação de um ser humano é a única chave capaz de abrir a porta da felicidade.   Precisamente 7 anos depois, um ciclo de vida depois, o melhor deste blogue ganha uma nova vida e  passa para o papel. O livro chama-se SobreViver e estará brevemente disponível! 

O momento

O que se demora acontece de repente. Na alegria do é agora, todo o tormento da espera se esvai. Bendito seja o esquecimento! O tempo é tão relativo quando se deseja o que não chega. Cada dia pode parecer um ano, cada semana, uma eternidade. E quando surge o momento, aquele que alimentou suspiros e sonhos, faltam as palavras. A perfeição é tão efémera quanto indescritível. Quanto tempo dura a felicidade? Um momento. O beijo, até que em fim. A glória ingénua do canudo na mão. A esperança eterna do sim no altar. O choro feliz que dá à luz. O pódio. A ribalta. O suspiro que procede do livro editado. O instante em que a vida, finalmente, acontece.      

Âmago destemido

Coração selvagem, porque não te aquietas? Porque insistes em bater dentro do peito como um punho cerrado que suplica por ajuda urgente? A fúria de cada pancada é uma dor líquida que se desfaz em sangue, que o corpo dilui e absorve como um veneno. Coração vadio, corre desalmado, por caminhos sem volta, por becos sem saída. Onde pensas que vais? Vai, perde-te, descontrola-te e volta para mim, como eras dantes: pequenino músculo, dilatado nas surpresas infantis da inocência.

Um amor maior

Sinto mais do que sou. Há um amor que me transborda e transcende. Um sentimento que me esvazia e ao mesmo tempo me preenche. Prisioneira do silêncio, uma palavra tua e serei salva. Não importa onde estás e o quanto te demoras. A minha paz nasce da certeza que existes. Fecha os olhos e escuta a força do meu pensamento. Somos dois focos de luz que na mesma direcção se fundem e ampliam. Só tu me conheces. Só tu me compreendes. Só tu me podes libertar do aperto triste que o meu peito carrega. Vem abraço fraterno, princípio de tudo, que nada teme ou receia. Aperta-me confiante neste amor maior. Maior que a vida. Maior que a morte. Maior que o tempo que conta a história dos homens.

Repetidamente

Os dias passam, repetidamente, num folhear rápido de calendário. Esgota-se o tempo em noites insones e há amanhãs sonhados que teimam em não chegar. Com infinita paciência, persistem as preces repetidas aos deuses surdos-mudos. Saúde aos doentes, abundância aos carentes, curas de amor aos que não encontram remédio para as tristezas mais profundas. Os prazeres efémeros, pagos com sacrifícios extenuantes, valem o que valem. E, repetidamente, é o cansaço que toma conta de nós, numa espiral de suor e lágrimas tão inutilmente repetida.       

Realidade sonhada

Esta noite, realizei-me num sonho. Encontrei-te num lugar incógnito a meio do sono. Abri-te a porta, estendi-te a mão e convidei-te a entrar. Num impulso, saltaste a pés juntos para dentro do meu mundo inventado. Aproximaste o sorriso e o olhar, até sermos apenas o beijo infinito, capaz de nos despertar para a vida eterna. 

Destroços vitais

Olha à tua volta e repara: quantas inutilidades acumulas em teu redor? Ruínas de amores defuntos, mensagens com respostas impossíveis, objectos sem estante, roupas triplicadas eternamente sem uso. É assim a vida, sempre tão desarrumada. Ideias que não cabem em gavetas, demasiados assuntos sem espaço ou resolução. Terás sempre as janelas por onde podes escancarar-te em gritos de liberdade. Queres ser mais feliz? Rasga papel e oferece-o ao vento. Despe o guarda-roupa e agasalha os pobres. Limpa todos os teus recantos, escorraçando as estorvas memórias de pessoas e tempos irrepetíveis. Mais leve, abandonado de ruídos, caminharás no equilíbrio do silêncio e todos os teus pensamentos serão paz.  

A justiça (não) é cega

Depois da liberdade, a justiça é a dignidade maior que um homem pode experimentar. Que a vida é injusta e que o mundo é dos espertos, somos ensinados a crer. Mas há sempre um dia em que a esperteza não chega, a astúcia é traiçoeira, a raposa cai no seu próprio ardil e se faz jus à mais inocente das criaturas. Porque a verdade é lei, a mentira deve-lhe obediência.          

Redenção

Queria confessar-te que os sinos tocaram dentro de mim naquela noite. Desde o primeiro instante, olhei-te com um afecto inusitado, sem lugar para porquês. Surgiste como uma aparição. Um rosto divino tão harmonioso em todas as suas humanas imperfeições. Meio homem, meio Deus, digno de um pedestal. A ti dirijo a minha prece ajoelhada que em silêncio grita o teu nome, redentor. 

Reportagem # 55

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 17 de Março 2016

Declaração de amor maternal

Gostava de saber dizer tudo o que és e o que significas para mim. Mas todas as palavras me parecem tão pequenas que te abreviam. Ao olhar-te, neste amor crescente que só as mães conhecem, ainda me espanto com a grandeza do milagre que fui capaz de gerar. Todos os dias me ajudas a revelar o melhor de mim. Ensinas-me a paciência, ao ritmo das brincadeiras que nunca podem esperar. És criança agora e tenho de aprender a respeitar esse tempo, efémero e irrepetível, do qual vou ter tantas saudades. São as tuas prioridades que pautam as minhas rotinas. São as tuas vontades que despertam a minha energia. Todos os dias confirmo que para uma mãe não há limites de força e coragem. E quando me sinto fraquejar, és o meu ombro e o meu colo e a mão que me resgata para a vida. A paz do meu sono depende unicamente do doce respirar da tua pele. É assim que me despeço dos dias. Inalo-te e adormeço feliz, há oito anos.  

Reportagem # 54

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 25 de Fevereiro 2016

A linguagem gestual da vida

Viajo não sei para onde, ignorando quem me espera. Só o destino saberá guiar-me. Nesta longa jornada, tantas vezes de pés descalços, incomodam-me as feridas mas não posso parar. Abrando, volta e meia, apenas para respirar tempo. E de ares renovados, sigo viagem.  Não por estrada direita, prefiro os trilhos de curva e contra curva de terra batida. Afinal, pés calejados aguentam tudo e por aqui a vida parece tão mais bonita. Tem cor e cheiro e mais sabor. Em cada árvore encontrada, provo um fruto e saboreio prazeres. Que delícia a liberdade de calcorrear a vida sem pressa nem medo. Neste constante diálogo surdo-mudo, falta-me aprender a linguagem gestual da vida. Preciso saber decifrar que respostas me revelam os silêncios com que me vou cruzando.

Reportagem # 53

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 21 de Janeiro 2016

A passagem

O que mais importa, não é o lugar, é a companhia. Será dia de festa sempre que estivermos juntos, seja qual for a data no calendário. Celebrar as doze badaladas é tão pouco quando os nossos corações não podem dançar. A música que toca embala-nos os sentidos e adormece-nos o pensamento. Os sonhos procuram sempre a escuridão para nascer. No novo dia de um ano novo despertaremos com asas. Ao amanhecer saberemos voar na direcção certa do amanhã. Quando formos mãos e lábios colados, seremos a celebração do que mais importa.